sábado, 9 de junho de 2012

São as intenções.


Se não tivéssemos intenções, não estaríamos aqui. Eu não teria escolhido o vestido que você sempre elogiou e um perfume novo para te surpreender. Você não teria comprado esse sapato novo com jeito de homem maduro e nem teria feito a barba como eu gosto. Eu não teria desmarcado aquela janta com as amigas e você não teria saído mais cedo do trabalho como disse que sairia. Eu não teria dirigido o meu carro até aqui. Você não teria escolhido o restaurante da última vez. Os gestos e comportamentos são significativos, meu bem. Uma janta, que poderia ser apenas um combinado de sopas, carnes ou massas, não é apenas uma janta. São intenções. As minhas - femininas em excesso, assumo - são sempre esperançosas, mas tentando descobrir que outra mulher te ajudou a fazer compras e que outras jantas você andou pagando. As suas, encobertas por esse olhar que me desnuda desde a primeira vez, são de quem tenta saber porque eu sempre estive sorrindo todas as vezes nesses meses todos que nos encontramos nas ruas dessa cidade, que mais parecia um cemitério no nosso silêncio. Você não sabe que eu sorria para guardar a raiva e o choro do amor para mais tarde. Eu não sei, ou sei e finjo que não sei, que você pediu para sua irmã lhe ajudar com as últimas compras. Nós não sabemos que as intenções sempre foram iguais e escondidas. Se não tivéssemos intenções de dois adolescentes desvirtuados pelo passado que nunca soube morrer, esse texto, meu bem, não passaria da terceira linha.

Camila Costa.

Um comentário:

  1. Adorei aqui, Lindas palavras...
    e com certeza ficarei :)

    espero sua visita, se gostar, ficarei feliz em te ver por lá!!

    Beijos
    http://momentosdapathy.blogspot.com.br

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